domingo, 9 de janeiro de 2011

Poesia Já!®

É entre lágrimas e um sorriso que escrevo esse texto. Que pode levar jeito de poesia. E dependendo de como se olha é a pura poesia. Poesia de criança. De uma criança. De várias crianças. De uma senhora. De duas senhoras. De toda uma população de gente como a gente. De gente que não vivia. Sobrevivia. De gente que se escondia com medo. Todos amedrontados de viver. Com dignidade. Com esperança. Com vontade.

E isso tudo acabou. Acabou dia 28 de novembro de 2010 quando as polícias militar, civil e federal, o BOPE, Fuzileiros Navais da Marinha e soldados da Brigada de Infantaria Praquedista do Exército  se uniram de verdade, quando as forças se juntaram e resolveram dar um basta na governância do tráfico de drogas no Complexo do Alemão. O medo acabou.

E isso me bateu hoje muito mais forte.

Hoje ao assistir uma reportagem na Rede Globo no Esporte Espetacular com o repórter Régis Rösing vi a pura poesia. E poesia sem idade. E me emocionei muito.

Dona Maria José com 81 anos e Dona Conceição com 77 anos que cresceram e envelheceram entre as treze favelas do Complexo do Alemão dizem que o que mais todo mundo quer na vida é a tranquildade, a paz. Que a paz agora está boa. A gente tá vivendo. Falam de oportunidade e união das famílias. Só isso para muitos. Para elas tudo. Tudo o que sempre desejaram, sonharam e rezaram para que um dia pudesse acontecer. E aconteceu. E Dona Conceição ainda repete que da vida só espera isso mesmo: a paz, a tranquilidade, a união das famílias e de todos os moradores. 

E como disse que era sem idade, quem não me deixa mentir é a pequena Alícia, 7 anos, que diz que tem a oportunidade de fazer o que sempre desejou, que ela está muito feliz, que todas estão. Que agora ela pode fazer. Que essa foi a chance. Que o medo não existe. O medo da guerra não existe mais. Que agora elas estão livres. Que agora elas podem andar nas ruas. E nem precisaria de Alícia dizer nada. Seu olhar de esperança, de criança, foi devolvido. Está lá. É possível ouvi-lo. Senti-lo. 

Vendo Alícia cantar e dançar como Byoncé é nítido que o sonho voltou a existir. Agora eles podem usar sem medo a vila olímpica, para praticar o esporte. A dança. A vida.

Mas isso tem que ser somente o começo. Não podemos achar que está tudo resolvido. O nosso trabalho tem que estar somente começando. Temos que ajudar nesse resgaste.

Levando carinho, esporte, esperança, educação, literatura e muita poesia.

2011 está ai! Vamos aproveitar o momento.

O momento é esse. As crianças não só do Complexo do Alemão, mas como de todas as favelas que estão sendo pacificadas estão pedindo isso pelo olhar, pelo sorriso.

Vamos nos juntar e proporcionar isso ao futuro de nosso país. Elas merecem.

Afinal são crianças. Nossas crianças.

Fui, mas eu volto!

2 comentários:

  1. Eu me emocionei muito com o resultado da operação de ocupação do Complexo do Alemão. Foi lindo... Que o movimento continue devolvendo cidadania para nosso povo sofrido e de bom coração. Que Deus nos ajude.

    beijos

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