Sei que é um assunto delicado, mas vamos com cuidado. Sempre
deixando claro que aqui não há em hipótese nenhuma o preconceito com relação à
escolha opcional de qual religião a pessoa escolhe.
Lembrando que se o Poder Legislativo é laico (o Brasil é um
Estado Laico) não poderia ser permitido que um auditório de um prédio anexo da
Assembleia Legislativa fosse tomado por fieis da Igreja Universal – volto a
falar, poderia ser de qualquer outra igreja ou religião – que eram visitantes,
funcionários do Parlamento e assessores de deputados e que não estavam em uma
audiência pública e que eram comandados pela ex-deputada Edna Rodrigues.
A questão aqui é que isso é uma prática antiga e que têm
incomodado parlamentares além de ser inconstitucional. Está lá no Artigo 19 da
Constituição Federal que veda à União, ao Distrito Federal, aos Estados e aos Municípios
manter relações de dependência ou alianças com Igrejas e cultos religiosos.
É um espaço que deveria ser usado para tratar de questões de
interesse público. Ou esse espaço agora virou local público? Será que virou
sede da Igreja? Ou será que se fuçarmos vamos encontrar uma máfia que anda
sublocando espaço? Daqui a pouco vão começar a fazer bingo, baile funk; girando
girando girando pro lado, girando girando, girando pro outro, ah, lelek lek,
lek, lek.
Enquanto questões assim forem tratadas com desdém, forem
consideradas sem muita importância porque na verdade o culto é feito na hora do
almoço sempre com uma desculpa para justificar o errado não vamos crescer como
país, não vamos evoluir para um país sério e cumpridor de suas leis e sua
Constituição Federal. Seria mais honesto assumir de vez que não vamos assumir a
condição de ser laico.
Vale dizer que não é só no Rio de Janeiro, dia desses Daniel
Sarmento que é procurador regional da República foi participar de uma audiência
pública em Brasília, sobre o direito do aborto e foi preciso esperar o fim de
um culto evangélico que acontecia no local. E como disse o próprio Daniel, isso
não é cerceamento ao direito de expressão. O cidadão tem todo o direito de
professar sua religião. Só que isso deve ser feito dentro da igreja dele e não
no espaço do Poder Legislativo.
Uma Assembleia
beberrona!
Calma, não é caso de chamar os Alcoólatras Anônimos. Até
porque o problema aqui é com outra bebida e ela tem nome: falta de vergonha na
cara. Pode-se tentar chamar um mecânico de confiança, mas seria prudente um
professor de matemática.
Tudo bem que estou falando dos carros dos deputados aqui do
Rio de Janeiro, mas se formos atrás, tenho certeza que isso não é um “luxo”
carioca. Mas ficou decidido que os deputados terão ao seu dispor 936 litros de
combustível por mês. Não é por mandato. É por mês. E se consideramos que alguns
têm até dois veículos ao seu dispor a conta dobra.
É uma farra só. Com certeza vai ter deputado abrindo seu
próprio posto de gasolina ou dando um jeitinho de abastecer os carros da
família inteira. Até da sogra vai valer.
Imagina se os carros que eles usassem fossem carros velhos
que bebessem muito. Mas não são. São modelos Bora 2009 versão superluxo.
Segundo especialistas um Bora faz 8km/litro. Dá pra andar muito.
Será que nossos deputados são taxistas nas horas vagas?
E ninguém contesta isso. Vamos abrir o olho.
Esse Feliciano...
A pressão para que o deputado Marco Feliciano deixe o cargo
de presidente da Comissão de Direitos Humanos aumenta a cada dia. A cada fala
dele. A cada aparição. A cada gesto. Por que ele pode tudo? Por que não se pode
chamá-lo de racista como fez um manifestante e que recebeu voz de prisão e ele
pode dizer que antes a comissão era dominada por Satanás? Isso também não deixa
de ser uma ofensa. Se bem que chamá-lo de racista é mais uma constatação do que
uma ofensa. Mas ele é jogador, um artista e diria até um estrategista.
Igualzinho seus amigos e defensores.
O deputado Marcos Feliciano começa a querer se fazer parecer
um santo. Do pau oco. Só pode ser. Ele marcou um encontro com pastores negros
em Porto Velho e disse que vai divulgá-las – será que vai ser no Facebook? –
para mostrar ao mundo que ele é legal, é amigo, sincero, honesto, não é
racista, não é homofóbico, ah e que é bom cantor.
Uma coisa é certa. Ele é teimoso. Osso duro de roer. Se ele
quis seus minutos de glória, ele já conseguiu, pode ir pra casa. Não sei qual a
questão dele em querer ficar numa Comissão que não é a cara dele. Uma Comissão
que defende princípios que ele não acredita e não aceita?
Fora que se formos analisar quem é Feliciano podemos dizer
que ele é um tremendo de um picareta fora do corpo de deputado. E sendo um
picareta não assumido em sua Igreja, o que te faz pensar que como deputado ele
será diferente? Terá ele duas caras? Terá ele duas personalidades? Se um pastor
condiciona uma eventual cura divina à doação de bens e dinheiro o que ele é na
verdade? Um enviado de Deus? Um receptador da palavra divina onde ele só fala o
que ouve? Que essa fala não é dele e sim Dele? Na verdade ele debocha da fé das
pessoas e do que realmente Deus representa. ELE não é assim. E pessoas como
Feliciano não poderiam nunca ser levadas a serio. Muito pelo contrário deveriam
ser motivo de chacotas e descrédito.
E não é de se estranhar que pessoas iguais se juntem. Iguais
em tudo isso que você pode ter pensado. Por isso não me espanta ver Renan
Calheiros e Henrique Eduardo Alves saírem na defesa do colega – literalmente
falando – Marco Feliciano dizendo que irão ajuda-lo a se manter no cargo de
presidente da Comissão de Direitos Humanos se assim ele desejar. Tamos juntos.
Vale também levantar a lebre que quem está defendendo
Feliciano no processo que tem com a acusação de ser homofóbico é um servidor
público que vem a ser seu próprio secretário parlamentar. Ele desmente dizendo
que faz isso depois de cumprir seu horário de serviços legislativos, e que Feliciano
é quem paga seus honorários. Mas até provar que o rato não é pardo...
Eu falei rato?
Salvem as baleias. Não jogue lixo no chão. Não fume em
ambiente fechado.